terça-feira, 30 de julho de 2013

A ciência brasileira perde Ricardo Ferreira

Fonte: Assessoria de Comunicação FACEPE 


Dr. Ricardo Ferreira faleceu nesta manhã
O Brasil perdeu, na manhã desta terça-feira (30), um dos maiores nomes da ciência do País, Dr. Ricardo Ferreira. Um dos principais articuladores da comunidade científica e sociedade em torno da criação da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) em 1989, e membro do seu Conselho Superior nos anos de 1990 e 1991, professor Ricardo faleceu em sua casa, no Bairro de Casa Forte (Recife/PE), aos 85 anos. O corpo será velado nesta quarta-feira (31), a partir das 09h30, no Cemitério Morada da Paz (Região Metropolitana do Recife), e cremado às 14h, no mesmo local. 

Ricardo de Carvalho Ferreira nasceu no Recife em 1928, filho de Antonio Ferreira (representante comercial) e Luiza de Carvalho Ferreira (professora pública entre 1915-1922). Em 1946 entrou para o Instituto de Química da USP, mas tendo se tornado um "dropout" em 1949, terminou bacharelando-se em Química pela Universidade Católica de Pernambuco (1952). No início de 1957 fez concurso para Livre-Docente na UFPE, recebendo também o título de D.Sc.

Em 1958, através de Harry Miller, recebeu uma bolsa Rockefeller e esteve em Pasadena trabalhando com N.Davidson (1959-1960). Em 1961 voltou ao CBPF, por convite de J. Danon, integrando um pequeno grupo de Química Teórica com Mário e Myriam Giambiagi. Desta interação resultou o primeiro trabalho em Química Quântica realizado inteiramente no Brasil, com um computador do IBGE; a molécula estudada foi a de piridina. 

Esteve sempre engajado em métodos semiempíricos de Química Quântica, tendo usado o conceito de eletronegatividade para estudar propriedades moleculares. Em 1967 publicou um artigo de revisão sobre o assunto no Adv. Chem. Phys.

Voltando ao Recife, foi convidado, em 1973, para integrar o novo departamento de Física da UFPE. Pôde, então, orientar alunos de pós-graduação, entre eles, o atual diretor-científico da Facepe, Arnóbio Gama, primeiro mestre formado sob sua orientação. Passou a trabalhar em problemas mais tipicamente de Física Atômica-Molecular (simetria de orbitais, moléculas em campos magnéticos intensos etc.). Com a criação, em 1983, do Departamento de Química Fundamental, e depois de passar 7 anos entre a UFSCarlos e o CBPF, voltou a integrar o Corpo Docente do novo Departamento em 1986.

Na terceira estada no CBPF (1980-1985) passou a se interessar por problemas de Biologia Molecular, nos quais continuava trabalhando ultimamente. Publicou, então, uma teoria sobre a oxigenação da hemoglobina (com S. Jacchieri) e vários trabalhos sobre Biogênese, inicialmente com a notável colaboração de C. Tsallis.
Em 1990 publicou pela EDUSP-ED. UNB, um livro sobre "Bates, Darwin, Wallace e a Teoria da Evolução". Este livro lhe deu grande satisfação e muito trabalho. Publicou, também, vários trabalhos sobre História da Ciência, resenhas de livros etc., notadamente em Ciência e Cultura.

Ricardo Ferreira recebeu inúmeros prêmios pela sua vida voltada para a ciência, principalmente nas áreas de Física, Química e Biologia. Aposentado em 1994, continuava trabalhando, e como Pesquisador do CNPq orientava bolsistas de Doutorado e de Mestrado.  Em 1995 e 1996, o Governo Federal, via MCTI-CNPq concedeu-lhe duas honras acadêmicas: a Ordem Nacional do Mérito Científico (1995) e o Prêmio Álvaro Alberto (1996), que jamais esperou receber. 

Ricardo Ferreira era professor emérito das universidades Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal de Alagoas (UFAL), doutor honoris causis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador emérito do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Era membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 1977. 

Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), era pesquisador nível IA do CNPq desde 1976, passando a pesquisador emérito a partir de 2007. 

Ricardo Ferreira era casado com Rosa Maria Ferreira e deixou quatro filhos.

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